Em meio aos sucessivos escândalos que abalaram o cenário político do Amazonas, uma nova denúncia revela o uso indevido de recursos públicos para fins eleitoreiros, no município de Parintins. Desta vez, o grupo político de Wilson Lima (UNIÃO) tem utilizado carros pertencentes à uma das empresas da família de Roberto Cidade (UNIÃO) para realizar rondas com homens armados em comunidades rurais do município, com a intenção de coagir os eleitores locais a votarem em Brena Dianná (UNIÃO), cabeça de chapa da coligação de Lima na cidade.
Os moradores das comunidades rurais de Mocambo e Caburi relataram ao Núcleo Investigativo do PAB que os veículos tem sido vistos circulando insistentemente durante a noite, criando um clima hostil de medo entre os residentes. Ainda mais alarmante, eles afirmam que os ocupantes desses veículos estão armados e não são pessoas da região, o que reforça a suspeita de que seriam milicianos contratados de fora do Estado para coagir e intimidar os eleitores locais.
A presença dessas figuras armadas nas comunidades se encaixa no padrão de atuação dos grupos paramilitares mencionados em vídeos anteriores, que descrevem como essas facções seriam utilizadas para garantir apoio à candidatura de Brena Dianná por meio de práticas ilícitas.
Empresa da família Cidade envolvida em mais um escândalo
A denúncia chegou acompanhada de uma foto registrada após uma das passagens do grupo em uma das comunidades citadas.
Após consultar as placas dos veículos usados nessas rondas, nossa equipe constatou que eles pertencem à empresa RR Serviços de Transporte e Navegação Ltda, denunciada de forma recorrente pelo Portal Alex Braga por possuir contratos suspeitos com o Estado do Amazonas.
A empresa em questão, pertence Renan Matheus Arruda Cidade e Grace Kelly Arruda Cidade, ambos irmãos do deputado estadual e candidato de Wilson Lima à prefeitura de Manaus, Roberto Cidade.
A empresa dos Cidade já arrecadou, só neste ano, mais de R$ 61 milhões em contratos com o governo de Wilson Lima, sendo R$ 5,9 milhões em viaturas destinadas à Polícia Militar e à SSP.
Reincidência de crimes eleitorais e a atuação de milícias
Esta nova denúncia surge em um momento em que o grupo político liderado por Wilson Lima e composto pelos candidatos Brena Dianná (Parintins) e Roberto Cidade (Manaus), estão afundados em uma série de investigações feitas pela Polícia Federal (PF).
Nas últimas semanas, vídeos revelaram reuniões de secretários estaduais e oficiais da Polícia Militar do Amazonas (PMAM) discutindo operações ilegais, como a instalação de grampos telefônicos, simulação de prisões e o uso de milícias armadas para promover a candidatura de Brena.
Entre os envolvidos nesses esquemas, estavam figuras importantes como Armando do Vale, presidente da Cosama, à época, e os atuais ex-secretários Marcos Apolo Muniz e Fabrício Barbosa, exonerados após a operação da Polícia Federal denominada “Tupinambarana Liberta”.
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Essa nova denúncia referente aos veículos circulando à noite e armados em Mocambo e Caburi, a situação tende a se agravar, uma vez que os milicianos estariam agindo em parceria com facções criminosas para ameaçar e intimidar as comunidades locais, garantindo que apenas os apoiadores de Brena Dianná tivessem liberdade de ação nessas áreas.
A Conivência do Governo
Os veículos denunciados pertencem à empresa R R Serviços de Transporte e Navegação LTDA, de propriedade de familiares de Roberto Cidade. A aparente conivência entre o governo de Wilson Lima e o grupo paramilitar responsável por essas ações levanta sérias questões sobre o uso de recursos públicos para fins criminosos durante as eleições.
A casa de Adriana da Cunha Cidade, prima de Roberto Cidade, localizada no bairro Castanheira, em Parintins, também foi citada como uma base de operações onde essas interferências nas eleições municipais foram arquitetadas. Adriana Cidade entrou no rol investigados da PF na operação “Tupinambarana Liberta”.
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Agora, com as milícias armadas circulando livremente nas comunidades rurais de Parintins e pressionando os eleitores, a relação entre o governo do Amazonas e essas práticas ilegais está mais comprometida do que nunca. A denúncia reflete um esquema bem estruturado, no qual a empresa contratada pelo governo atua como cúmplice das milícias, com consequências graves para a democracia local.
Enquanto o eleitor teme por sua vida ou integridade física, caso contrarie a vontade de Wilson Lima, seu grupo político cresce e se fortalece às custas dos impostos do cidadão amazonense e de toda a verba e recursos à disposição de Wilson para “vencer as eleições a qualquer custo”.