O escândalo do “QG do Crime”, divulgado há exata uma semana, mostrou como funcionam as operações e esquemas do grupo político de Wilson Lima (UNIÃO) e Roberto Cidade (UNIÃO), onde o governador e o presidente da ALEAM mobilizaram secretários estaduais, agentes de segurança pública e parentes para conluios com fins eleitoreiros que influenciariam diretamente nas eleições deste ano, em Parintins e em Manaus.
Conheça cada integrante do “QG do Crime”
WILSON LIMA – O Cabeça
Governador do Estado do Amazonas há 6 anos e presidente do diretório estadual do partido União Brasil, Wilson Lima é o cabeça de toda essa operação política suspeita, preparada para, a qualquer custo, obter vantagem e vitória sobre os adversários. É com o aval de Lima que os demais operam dentro de suas competências para enganar, coagir e até mesmo ameaçar os eleitores.
Acumulando um currículo de denúncias de envolvimento com o crime organizado, contratos suspeitos, supostos favorecimentos a amigos e alianças duvidosas, Wilson Lima tem sido apontado pelos amazonenses como o pior governador da história do Estado.
SONORA
Impune a cada novo escândalo, Lima segue sendo o maestro de uma orquestra desafinada e descuidada que expõe seus próprios erros para uma plateia de eleitores que têm o poder nas mãos para mantê-los nos cargos.
Aos órgãos fiscalizadores e à Polícia Federal ficam nossos questionamentos e apelo: até quando a população precisará perecer para que algo seja feito? Quantos milhões de reais mais precisarão ter seus destinos desviados para que os responsáveis por isso sejam detidos e devidamente responsabilizados por seus atos?
ROBERTO CIDADE
Ele é deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALEAM), órgão que deveria fiscalizar diretamente o governador e seus atos. No entanto, ao ver que absolutamente nada foi feito para apurar a conduta do executivo estadual desde 2019, conclui-se que há uma suposta conivência por parte de Cidade diante dos atos de Wilson Lima.
Contudo, não se esperava menos que isso do representante da família que já fechou mais de R$ 350 milhões em contratos com o governo do Estado, tendo recebido, só na gestão de Wilson Lima, R$ 299.855.778,72 (Duzentos e noventa e nove MILHÕES, oitocentos e cinquenta e cinco mil, setecentos e setenta e oito reais e setenta e dois centavos).
Não bastasse o silêncio ensurdecedor de Roberto Cidade como “fiscalizador” do Governo, ele resolveu se aliar de vez aos mandos de Wilson, assumindo como representante do pleito municipal de Manaus e envolvendo até mesmo a sua família nos planos obscuros de seu mestre.
VANDERLEI ‘VANDEX’ ALVINO e ADRIANA CIDADE
Adriana Cidade surge como prima de Roberto Cidade e esposa de Vandex, que é diretor-presidente do IDAM, autarquia ligada ao Governo do Estado. O casal é dono da casa onde ocorreu a reunião ilegal que visava interferir nas eleições de Parintins a favor de Brena Dianná, e onde o grupo confirma que Wilson Lima “colocou a mão em Manaus” para vencer as duas eleições na capital e na Ilha Tupinambarana.
O termo acima, aliás, deu nome à operação da Polícia Federal que investiga todos os presentes no vídeo, incluindo a prima de Roberto Cidade que teve sua casa sob mandado de busca e apreensão e deveria depor à PF, após as ações.
No entanto, seu esposo sequer está sendo investigado ou sofreu algum resquício de consequência, tendo em vista que o mesmo cedeu sua residência para o ato criminoso cometido por Wilson Lima e seu grupo político o que, em tese, se configura como conivência e cumplicidade aos atos.
No entanto, a ligação de Adriana e Vandex, por meio de Roberto Cidade, com o governo de Wilson vai além de ceder a casa para uma reunião ilegal. O casal mantém mais de R$ 350 mil em contratos com o executivo estadual no qual, atualmente, Vandex faz parte como diretor-presidente de uma autarquia importante.
FLÁVIO ANTONY
Flávio Antony é secretário-chefe da Casa Civil do Governo do Estado do Amazonas e, até então, o único dos presentes no “QG do Crime” a não ter sido exonerado. Sobre ele, ainda não havia respingado qualquer consequência até ontem (4). No entanto, o Ministério Público do Amazonas (MPAM) entrou no jogo e abriu inquérito civil contra Antony e Wilson Lima por conta da reunião ilegal feita pelos agentes públicos.
Leia mais: Após repercussão de vídeo do “QG do Crime”, Wilson Lima e Flávio Antony viram alvos do MP
A investigação tem por objetivo apurar, na esfera extrapenal, a ocorrência de desvio de finalidade, excesso de poder, dano ao erário e improbidade administrativa no âmbito da administração pública do Poder Executivo do Estado do Amazonas.
Flávio Antony foi condenado na última sexta-feira (4) pela justiça eleitoral de Parintins, por cometer crimes de propaganda eleitoral antecipada para Brena Dianná e abuso de poder político, que se configura quando alguém utiliza de seu poder político para influenciar nas eleições. A condenação de Antony é decorrente de uma fala dele em um comício de pré-candidatura de Brena Dianná. Na ocasião, o secretário da Casa Civil pediu, explicitamente, votos para a candidata do grupo político de Wilson e Cidade e utilizando sua posição no Governo como fator de influência. Flávio foi condenado pela juíza Juliana Arraes Mousinho a pagar uma multa de R$ 25 mil.
Antony segue por um fio, após anúncio da investigação do MPAM e a condenação na justiça eleitoral de Parintins, mas segue confiante e satisfeito com a proteção de Wilson Lima.
ARMANDO DO VALE, FABRÍCIO BARBOSA e MARCOS APOLO MUNIZ
O governador do Amazonas Wilson Lima (UB), exonerou os ex-secretários Fabrício Rogério Barbosa (Administração), Marcos Apolo Muniz de Araújo (Cultura e Economia Criativa), e o ex-diretor da Cosama, Armando do Vale após a grande repercussão que o caso do vídeo do “QG do Crime” tomou no Estado, chegando até mesmo a virar pauta nacional, sendo veiculado na grade da Rede Globo.
Os três estavam presentes na casa de Adriana Cidade e Vandex e participaram da reunião que visava interferir diretamente no resultado das eleições parintinesens.
Além de deixarem os cargos, os ex-secretários sofreram mandados de busca e apreensão em suas casas e são investigados pela Polícia Federal por supostos crimes eleitorais relacionados ao favorecimento da candidatura de Brena Dianná (UNIÃO) em Parintins.
BRENA DIANNÁ
Pivô de toda essa polêmica, a vereadora e candidata a prefeita de Parintins, Brena Dianná não é citada nas investigações, não sofreu sanção, não foi lembrada nem pela Polícia Federal, nem pela Justiça Eleitoral de Parintins. Brena segue no comodismo da impunidade e no conforto do esquecimento. A reunião ilegal ocorreu no município em que ela quer ser prefeita, foi realizada por pessoas de seu grupo político, seu nome foi a pauta principal do encontro, mas sobre ela nada se fala, se suspeita ou se investiga.
Brena Dianná tem possivelmente utilizado homens armados de supostas milícias de fora do Estado para amedrontar e coagir eleitores carentes de comunidades rurais da cidade. E como tudo que o grupo de Wilson Lima faz tem ligações infinitas como uma teia de aranha, os homens sob o comando de Brena têm utilizado carros pertencentes à empresa RR Serviços de Transporte e Navegação Ltda; empresa essa que pertence a Renan Matheus e Grace Kelly Arruda Cidade, ambos irmãos de Roberto Cidade.
Mas como bem o ex-presidente da COSAMA, Armando do Vale:
Diante do ocorrido e de tantas informações e afirmações, nossa equipe questiona a Polícia Federal e os órgãos de controle: O que mais será preciso fazer para que todo esse grupo seja, no mínimo, investigado e preso?