Denunciado por grilagem, suspeito de envolvimento em duplo homicídio e acusado de manter trabalhadores em regime de escravidão dentro de suas terras em Roraima. Essa é a ficha de Caio Porto, um dos acusados de ser executor das mortes do casal do casal Flávia Guilarducci, de 50 anos, e Jânio Bonfim de Souza, de 57, em Cantá, na guerra por posse de terras ilegais no estado.
A lista de empregadores do trabalho escravo em Roraima foi publicada pela Secretaria de Inspeção do Trabalho, vinculada ao Ministério da Economia, em 2019. O estabelecimento carimbado como ponto de exploração do trabalho humano é a empresa C. de M. Porto – ME, a Porto Eventos, em Boa Vista, que pertence a Caio Porto e ao pai dele, Renan Prates Porto.
A firma foi alvo de investigação em março de 2017. Lá, os fiscais encontraram três venezuelanos e três cubanos. Os estrangeiros não tinham contrato, ganhavam abaixo do mercado e tinha jornadas abusivas de trabalho, revelando que, além de tomar terras do estado, Caio Porto usa como método de enriquecimento a exploração de trabalhadores braçais.
Escravidão, grilagem e duplo homicídio
Nos últimos dias, Roraima virou notícia nacional, após o casal Flávia Guilarducci, de 50 anos, e Jânio Bonfim de Souza, de 57, acabarem executados em Cantá. Além de Caio Porto, o chefe da segurança pessoal do governador Antônio Denarium e mais três suspeitos são investigados pelo duplo homicídio, motivado pelo suposto interesse do grupo do governador na posse de terras.
O Portal Alex Braga vem mostrando uma série de reportagens do suposto esquema de grilagem comandado pelo governador, que resultou no assassinato do casal e no envolvimento de órgãos de controle sobre posse de terras, com uso de laranjas e documentos frios para burlar a Lei.
De acordo com a polícia, um dia antes do crime, Genivaldo Lopes Viana, de 53 anos, Caio Porto e Johnny de Almeida Rodrigues compraram munições. De acordo com um vizinho que socorreu o casal após os tiros, Caio Porto ameaçou o casal no dia em que comprou as munições.
Os nomes dos envolvidos foram denunciados por Jânio Bonfim, que mesmo ferido conseguiu apontar os responsáveis pelo crime, e por uma gravação no celular de Flávia, que durante a invasão gravou áudio dos executores dentro da residência do casal.
O mesmo áudio levou a polícia ao PM Helton John Silva de Souza, segurança de Denarium que segue investigado por participação nos dois assassinatos.
Ligações perigosas
Jânio Bonfim de Souza era tio de um engenheiro do Iteraima, Ytallo Fernando Guilarducci de Lima, um engenheiro agrônomo que trabalha como diretor do Instituto de Terras e Colonização do Estado de Roraima – ITERAIMA, órgão envolvido no susposto esquema.
Esta semana o Portal Alex Braga revelou que a presidente do órgão, Dilma Costa, acusa o Incra de emitir documentos falsos para facilitar o esquema.
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A Polícia Civil afirma que segue investigando o duplo homicídio. Os dois suspeitos presos foram identificados como Genivaldo Lopes Viana, de 53 anos, e Luiz Lucas Raposo da Silva, de 35 anos. No celular de Flávia foi encontrado um áudio gravado instantes antes dos tiros. Antes de morrer, o próprio fazendeiro entregou que havia atirado neles.
“As investigações estão buscando alcançar todos os envolvidos no caso, assim como esclarecer a identidade dos interlocutores que constam na gravação viralizada nas redes sociais sobre o caso”, afirma o delegado Ronaldo Sciotti.