Uma das gestões mais polêmicas dos últimos anos na Câmara Municipal de Manaus (CMM), as contas do vereador David Reis estarão na mesa dos conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE), nesta segunda-feira, dia 11. O parlamentar que queria construir um anexo milionário na Casa e mandou dar câmeras fotográficas para os vereadores, estará no centro das atenções. David Reis comandou a CMM (no biênio 2020 e 2021) e será esse o período julgado.
Entre as polêmicas marcantes de sua gestão está o famoso “Kit Selfie”, que custou mais de R$ 640 mil, no período em que a folha de pagamento era de R$ 16,9 milhões e Manaus enfrentava as consequências da pandemia.
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A compra de mais de meio milhão abrangeu um kit com câmera fotográfica, que também grava vídeos, dois microfones, lentes e mochila. No total, foram 42 câmeras fotográficas por R$ 13,6 mil cada, totalizando R$ 571,2 mil; além de 42 microfones direcionais, por R$ 25 mil; 43 microfones tipo lapela, por R$ 16 mil; e 42 mochilas para carregar o kit, por R$ 24 mil.
PUXADINHO
Talvez nenhuma polêmica tenha sido mais midiática do que o “puxadinho” de R$ 30 milhões que David lançou. Seria um anexo para dar mais conforto aos 41 vereadores. A sociedade caiu em cima e a obra não foi à frente.
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A obra foi aprovada por David Reis com a justificativa de que os vereadores do parlamento municipal precisam de condições dignas. O valor foi 10 vezes maior que o orçado na construção do Anexo I, em 2018, que custou cerca de R$ 4,4 milhões.
PICAPES
David Reis também se viu em problemas quando resolver dar uma picape para cada vereador. O processo licitatório do aluguel de 41 veículos foi suspenso por “razões de interesse público”, após grande pressão popular.
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Os veículos seriam movidos a etanol, gás natural ou biodiesel, com tecnologia flex, quatro portas, ar-condicionado, sonorização, direção hidráulica, capacidade para cinco passageiros e autorização para rodar cinco mil quilômetros por mês.
AÇÚCAR
David Reis também foi alvo do Ministério Público do Amazonas (MPAM), que decidiu acatar denúncia feita pelo Comitê Amazonas de Combate à Corrupção e investigar a suposta compra com sobrepreço de café e açúcar.
De acordo com a publicação assinada pelo presidente da CMM, vereador David Reis (Avante), em junho de 2021 o valor de 140 fardos de açúcar da marca Itamarati, com 30 quilos cada (4.200 pacotes), sairia a R$ 5,83 cada quilo.
Além do açúcar, também foram incluídos 380 fardos de café, com 20 unidades de 250 gramas cada (7.600 pacotes), o que custaria R$ 7,75 a unidade.
O OUTRO LADO
Em todas as denúncias ou polêmicas, David Reis sempre defendeu a lisura do que fez no comando da CMM. Ano passado, chegou a emitir uma nota, reforçando que não fez nada de errado.
“A presidência da Câmara Municipal de Manaus (CMM) destaca que toda e qualquer aquisição realizada pela Casa legislativa, de produtos e/ou serviços, segue estritamente o que determina a legislação vigente, com instalação de processos licitatórios e posterior ampla divulgação dos resultados, para conhecimento da sociedade, bem como dos órgãos de controle externo”
TCE
A sessão desta segunda-feira, na sede da Corte de Contas amazonense, a partir das 10h, terá condução do conselheiro-presidente Érico Desterro e contará também com transmissão ao vivo pelas redes sociais, entre elas YouTube, Facebook e Instagram.