O prefeito de Manacapuru, Beto D’Ângelo (Republicanos), assinou contrato de mais de R$ 2 milhões com a WGS Serviços de Construção Civil LTDA, para construir seis escolas de apenas uma sala de aula cada uma nas comunidades do município.
FNDE e Manacapuru
O valor corresponde a R$ 333 mil por unidade educacional, e foi publicado na segunda-feira (8) no Diário dos Municípios. As escolas são financiadas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, e de acordo com o próprio prefeito, estão com as obras paradas, abandonadas por outras empresas, prejudicando as comunidades que dependem dessas salas para estudar.
Beto disse à nossa equipe de reportagem nesta quarta-feira (10), que “as empresas que iniciaram as obras não concluíram por falta de pagamento”, sem explicar o motivo da paralisação e nem se essas empresas vão devolver a verba já usada. “As empresas abandonaram e tivemos de fazer destrato”.
Nossa equipe questionou o prefeito sobre a estrutura das escolas e o que justifica o valor de mais de R$ 300 mil. “São todas em alvenaria e laje”.

O contrato é orçado em R$ 2.295.000,00. A WGS Serviços de Construção Civil LTDA, – CNPJ 17.832.963/0001-54, é de propriedade do empresário Walciley Gois dos Santos e possui capital de apenas R$ 600 mil, apesar do valor milionário que vai receber.

A vencedora da licitação na Prefeitura de Beto também é registrada para produção de carne bovina, fármacos, comércio varejista de produtos ortopédicos, fogos de artifícios e pirotécnicos, locação de automóveis, elétrica, e engenharia civil.
Beto afirma que os valores bancam os benefícios que as escolas trarão quando as obras forem concluídas.
Prisões na Educação
Na manhã do dia 12 do mês passado o Ministério Público do Amazonas (MPAM), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/CAO-CRIMO) e a 3ª Promotoria de Justiça de Manacapuru, deu início à segunda etapa da operação “Compadrio”. O foco é investigar o desvio de verbas públicas destinadas aos Conselhos de Escolas e às Associações de Pais e Mestres das escolas municipais, em um contexto de corrupção e lavagem de dinheiro em Macapuru.
A investigação apontou uma rede de corrupção na Secretaria de Educação e Cultura de Manacapuru, caracterizada por desvios de fundos do salário-educação para contas de servidores, familiares e terceiros. O esquema era comandado por altos funcionários da Secretaria, configurando uma grave malversação de recursos educacionais.

De acordo com o Coordenador do GAECO, o Promotor de Justiça Igor Starling, está programada a execução de três mandados de prisão temporária e cinco de busca e apreensão, com suporte da Polícia Civil do Amazonas e informações técnicas fornecidas pela Controladoria Regional da União no estado. Entre as medidas adicionais, destaca-se o bloqueio de bens dos investigados, que soma mais de quatro milhões de reais, e o afastamento de três servidores de suas funções na Secretaria de Educação e Cultura.
Entre os alvos dos pedidos de prisão temporária estão o secretário Raimundo Conde e o subsecretário Afonso Luciano.

O nome da Operação, batizada de “Compadrio”, é uma alusão à prática de condutas que privilegiam amigos e/ou parentes que são favorecidos de maneira ilegal.