Nesta terça-feira (6), o deputado Delegado Péricles (PSL) apresentou requerimento para instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Asfixia na Assembleia Legislativa do Estado (ALE), com a proposta de investigar a falta de oxigênio na saúde pública. A proposta de criação da nova CPI gerou polêmica entre os deputados estaduais, porque já existia o requerimento para a criação da CPI da Pandemia que pretende investigar todos os contratos e gastos de dinheiro público durante o período de combate ao vírus.
A proposta, apresentada pelo Delegado Péricles, chamou atenção de todos os parlamentares da oposição porque foi apresentada no mesmo momento em que a CPI da Pandemia, iria receber a última assinatura para instalação na ALE. A CPI da Pandemia possui o total de sete assinaturas, sendo necessárias oito para o início das investigações dos gastos públicos do Governo do Amazonas. A nova proposta, CPI da Asfixia, conta com três assinaturas até o momento.
Para deputados estaduais de oposição ao Governo do Amazonas, a nova proposta de CPI é vista como uma manobra para evitar a investigação em demais contratos do governo Wilson Lima (PSC).
O líder da oposição, Wilker Barreto (Podemos) criticou a nova comissão solicitada pelo deputado Delegado Péricles e revelou que só assinará o pedido se a CPI da Asfixia investigar todos os contratos e despesas feitos pelo Executivo estadual entre março de 2020 até o fim da comissão. “Esta CPI do Péricles só vai investigar aquilo que o Brasil e o Amazonas já sabem, a CPI do Senado já está apurando a crise do oxigênio e vosso pedido não adentra um contrato, não propõe apurar uma moeda para onde foi o dinheiro do contribuinte. Só assinarei esta CPI se o fato determinado incluir os contratos feitos tanto na primeira quanto na segunda onda da Covid”, afirmou.
Segundo o deputado Dermilson Chagas (Podemos) que defendeu a ampliação da CPI da Asfixia, se concentrar em apenas um item, exclui as demais irregularidades que vem acontecendo na gestão do Governo do Amazonas, desde que iniciou o período da pandemia, tais como contrato com o hospital da Nilton Lins, quando o hospital Delphina Aziz tinha três andares com leitos totalmente desocupados, entre outros contratos com claros indícios de corrupção. “Foi uma manobra do Governo do Amazonas. Infelizmente, estava tudo certo para a assinatura que faltava, mas, para justificar que os colegas tinham de assinar uma CPI, eles apresentaram outra para não ser aprovada a CPI da Pandemia”, disse.
O deputado Delegado Péricles, que já havia assinado a instalação da CPI da Pandemia, defendeu a criação da CPI da Asfixia voltada para a crise de oxigênio. “Entendo que precisamos ter um fato determinado mais específico no momento. Uma CPI precisa de um fato determinado que justifique seus trabalhos e a minha intenção ao propor a CPI da Asfixia é que o fato mais grave do nosso estado este ano seja foco das investigações de uma Comissão. A falta de oxigênio é fato que, inquestionavelmente, precisa ser apurado. Os culpados por tantas mortes decorrentes da falta de oxigênio precisam ser responsabilizados. A população merece isso”, afirmou.
Após uma publicação no twitter, a expectativa era que a última assinatura necessária para a instalação da CPI da Pandemia, fosse do deputado Serafim Corrêa (PSB), mas, o parlamentar assinou o pedido da CPI da Asfixia. “Como todos sabem, PSB e PT têm uma larga tradição de andar em conjunto e tanto o deputado Sinésio Campos (PT) como eu, entendemos que temos a necessidade de instalar a CPI. Todos os fatos relatados até aqui são graves, mas entendemos que existe um fato mais grave, que já vinha sendo discutido, debatido, mas de forma dispersa”, disse.
Se mostrando favorável a nossa proposta, o deputado Sinésio Campos também comentou sobre a CPI da Asfixia. “Queremos uma CPI que trate especificamente da falta de oxigênio, das pessoas que aguardam por respostas e responsabilização dos envolvidos nesse genocídio que, infelizmente, alcança mais de treze mil óbitos, no Amazonas. Analisamos os pontos dessa CPI de maneira criteriosa, até porque não colocaria a minha assinatura apenas para fazer proselitismo político, queremos defender a vida e dar uma resposta para quem sentiu na pele o que é perder um conhecido, um amigo ou um irmão como eu perdi”, argumentou.