O governo do Amazonas informou que não registrou nenhuma morte por Covid-19 na terça-feira (06/07). E que foi a primeira vez que isso ocorre em 16 meses de pandemia. A informação virou notícia nacional. No mesmo dia, a Prefeitura de Manaus informou 40 sepultamentos nos cemitérios da cidade, sendo dois de vítimas de Covid-19, um em cemitério público e outro em cemitério privado.
O governador do Estado, Wilson Lima (PSC), disse, em nota, que “essa notícia nos enche de esperança. Vamos continuar trabalhando para avançar ainda mais na vacinação, o caminho mais seguro para sairmos dessa pandemia; e não podemos descuidar dos protocolos de prevenção”.
A a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) informou, na terça-feira, o diagnóstico de 719 novos casos de Covid-19, totalizando 405.066 casos da doença e permanecendo o total de 13.349 óbitos. E não considerou qualquer caso de “óbitos encerrados por critérios clínicos, de imagem, clínico-epidemiológico ou laboratorial”. Ou seja, casos que podem ser diagnosticados posteriormente.
O boletim da FVS-AM informa que há 44.123 pessoas com diagnóstico de Covid-19 sendo acompanhadas pelas secretarias municipais de saúde, o que corresponde a 10,89% dos casos confirmados ativos.
A FVS-AM informou, nesta quarta-feira, ao 18horas, que não foi registrado nenhum óbito por Covid-19 “no período de 05/07 até as 10h do dia 06/07, horário de envio das informações por parte de todas as prefeituras municipais”.
O informe funerário da Prefeitura de Manaus, da terça-feira, informa 40 sepultamentos, sendo 32 nos espaços gerenciados pela Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp). E que, entre as causas das mortes houve duas declaradas como Covid-19, sendo uma em cemitério municipal e outra em cemitério privado.
O município informa ainda que houve o registro de cinco óbitos em domicílio e que, do total de sepultamentos nos cemitérios públicos neste dia, seis foram atendidos pelo serviço SOS Funeral, coordenado pela Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc).
Em entrevista ao site Terra, o epidemiologista e pesquisador da Fiocruz Amazonas Jesem Orellana, epidemiologista e pesquisador da Fiocruz Amazonas, disse que o número apresentado pelo governo do Amazonas não representa um enfraquecimento da pandemia no Estado, já que existe uma diferença entre as mortes notificadas no dia e as que de fato ocorreram.
“Uma coisa é o que os sistemas de informação dizem e outra completamente diferente é o que acontece no mundo real. Daqui a alguns dias, quando os dados forem atualizados, é provável que tenhamos registro de óbito hoje, por exemplo”, explica.
Orellana aponta, ainda, que, apenas nesta terça, Manaus voltou a ter mais de 200 leitos de UTI ocupados por pacientes de covid, além do aumento de casos. Entre 6 e 26 de junho, houve um crescimento de 43,8% no total de casos registrados, quando comparado ao período de 18 de abril a 15 de maio, mesma época em que a “segunda onda” eclodiu pelo País.
“Tenho a impressão que estamos mergulhados em uma nova ilusão, a das vacinas. Foi assim em 2020 com a suposta imunidade de rebanho pela via natural. O ritmo lento da vacinação gera uma expectativa de curto prazo irreal na população”, observa Orellana. Ele aponta também para um alto número de pessoas com esquema vacinal incompleto se infectando, ao mesmo tempo em que novas variantes começam a circular pela região.
“As pessoas se expõem, fazem o vírus circular e mutar, contribuindo assim para o desperdício de vacinas. Esse problema se torna ainda mais desafiador quando temos uma alta circulação viral ao longo do tempo”, diz. “Só poderemos pensar em alívio parcial depois de termos pelo menos 50% da população vacinada com a segunda dose.”
De acordo com os dados do consórcio de imprensa, apenas 13,70% da população do Amazonas já tem a imunização completa contra o coronavírus, percentual acima da média do País, de 13,13%. “Estar com a porcentagem um pouco acima da média em um país que ainda vacinou pouco é motivo de preocupação e não de euforia. Relaxamentos e atitudes que favoreçam a circulação viral seguirão nos deixando no topo da má gestão da epidemia.”
Fonte: https://18horas.com.br/