Manaus – O candidato a prefeito de Manaus, Alberto Neto (PL), nomeou as mulheres de dois policiais militares na Câmara dos Deputados em forma de pagamento por um crime de extorsão.
Os policiais militares envolvidos no vídeo em que Alberto Neto é flagrado cometendo uma ação ‘forjada’, de extorsão são conhecidos como Sargento Janderson Ordones e Sargento Raphael Neves Pereira. As esposas deles, Leiliane Louise Ordones e Luana Reis Praia, respectivamente, ocupam cargos no gabinete de Alberto em Brasília.
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Alberto Neto responde inquérito por extorsão
Quando ainda era policial militar. Alberto Neto foi acusado de extorsão por um motorista da Uber durante uma ação “forjada”. Na época, o corregedor-geral da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas, Hidelberto de Barros Santos, solicitou abertura de um inquérito policial militar para investigar o oficial da PM e outros policiais envolvidos.
Alberto Neto e os PM’s são acusados de extorquir um motorista da Uber em dezembro de 2017, durante uma ação considerada “forjada”, de acordo com o inquérito policial 237/2017, assinado pelo delegado Fernando Bezerra Lima.
Alberto e os outros sete policiais participaram da ação e foram inseridos no Inquérito Militar da Polícia Militar do Amazonas. (Confira abaixo).
Na ação de extosão, Janderson Ordones e Raphael Pereira estavam juntos ao Capitão.
Alberto Neto nomeia mulheres de PM’s na Câmara
Leiliane Louise Ordones e Luana Reis Praia foram lotadas no mesmo dia, em abril de 2023 no gabinete de Alberto Neto. Ambas ocupam os cargos de Secretárias Parlamentar, segundo consta na lista do pessoal de gabinete.
As duas participam ativamente da campanha de Neto para a prefeitura de Manaus.
Entenda caso de extorsão e Inquérito Policial
As acusações de extorsão contra Alberto Neto, foram narradas no inquérito policial 237/2017. No documento, um motorista da Uber chamado Alexsandro Barbosa Fonseca afirmou que pagou o valor de R$ 5 mil para não ser preso durante uma abordagem policial realizada no dia 1° de dezembro de 2017.
No dia do ocorrido, os policiais abordaram um veículo dirigido por Alexsandro – um Voyage de placa PHD-9359 – com dois passageiros que eram feirantes – Pedro da Silva de Carvalho e Russiney Pantoja Barbosa. A ação ocorreu às 8h40 no “Posto dos Taxistas”, localizado na Avenida Manaus 2000, no Distrito Industrial, Zona Leste de Manaus.
A ação foi registrada pelo sistema de vigilância do local e anexado no processo. (Confira os vídeos no fim da matéria).
Após a abordagem, Alexsandro, Pedro e Russiney foram colocados em três carros diferentes – uma viatura da Polícia Militar, uma picape branca com policiais e o carro de Alexsandro, que ele mesmo dirigia – e passaram aproximadamente três horas rodando por alguns bairros da cidade.
Segundo o motorista, a negociação para não prender ele aconteceu durante o trajeto que fizeram por Manaus. Ao ser questionado se teria os R$ 5 mil, o motorista afirmou que o sogro dele tinha o valor e os policiais seguiram para o endereço indicado, no bairro São José Operário, onde o pagamento foi feito e Alexsandro liberado.
Depois de liberá-lo, os policiais levaram o carro que ele dirigia à delegacia. Pedro e Russiney disseram que os policiais chegaram a perguntar se eles tinham dinheiro, mas, diante da resposta negativa, os conduziram à delegacia. No local, disseram que haviam abordado apenas os dois no carro, e apresentaram uma quantidade de drogas que, segundo os militares, fora encontrada no Voyage.
De acordo com o inquérito, a droga foi apreendidas no início da tarde daquele mesmo dia, após perseguição a um adolescente de idade não informada. Com o adolescente, os policiais apreenderam três sacolas com porções de maconha. A ação teria sido transmitida ao vivo pela rede social do próprio Capitão Alberto Neto.
Na delegacia, os policiais disseram que a droga encontrada com o adolescente havia sido repassada por Pedro e Russiney. Ainda de acordo com os policiais, uma denúncia anônima recebida naquele mesmo dia informava sobre suposto carregamento de drogas na região e que o material estaria com Pedro e Russiney. No depoimento, o adolescente afirmou que não conhecia Pedro e Russiney, mas confirmou que ele vendia drogas no bairro da zona Sul, onde foi apreendido, e que havia recebeido de um fornecedor do bairro Compensa, na zona oeste.
No documento, o delegado cita doze pontos que, segundo ele, sustentam a contradição das informações registradas pelos policiais no Boletim de Ocorrência. Segundo o delegado, as imagens do sistema de segurança do posto, o relatório do trajeto do GPS do carro abordado pelos policiais e os depoimentos dos quatro personagens envolvidos na ação provam que houve ação forjada.
Na Justiça, Pedro e Russiney usaram o inquérito policial para embasar o pedido de revogação da prisão preventiva. No dia 27 de dezembro, a juíza Luciana da Eira Nasser atendeu o pedido levando em consideração o relatório de investigação apresentado pelo delegado e o parecer do Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM).
Na decisão, a juíza cita “as circunstâncias pessoais dos flagranteados [Pedro e Russiney], que são primários, ostentam bons antecedentes, comprovam possuir residência fixa, trabalho lícito como feirantes”, o que justificou o relaxamento das prisões.
Surgimento de novas provas
O Núcleo de Investigação do Portal Alex Braga teve acesso com exclusividade a um vídeo de circuito interno que mostra toda a abordagem policial feita por Alberto Neto e seus companheiros. Nas imagens é possível ver Neto recolhendo os aparelhos celulares que nunca foram entregues, na delegacia.
O material seria mais do que suficiente para a abertura de uma sindicância para investigar Alberto Neto e os demais policiais militares envolvidos na abordagem por falsa diligência policial.
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