Quarta-feira, 17 Setembro

Casa, carros, gado e muito dinheiro. Denunciado por deixar crianças sem escolas e fazer contratos com o ex-prefeito da cidade, Marcos Lise é o que se pode chamar de milagre econômico em Apuí, no interior do Amazonas. Desde que entrou na política ficou milionário, saltando 891% em bens, especialmente após Wilson Lima chegar ao poder.

Lise foi lançado à reeleição pelo governador Wilson Lima, repetindo a “parceria” feita em Manaus com o candidato Roberto Cidade. Lise viu seu patrimônio disparar depois que ambos fizeram uma parceira política na cidade castigada por falta de estrutura, onde denúncias se multiplicam e têm sido denunciadas pelo Portal Alex Braga.

MUITO RICO

Marcos Lise já é um veterano na política de Apuí. Desde 2008 seu nome está nas urnas de alguma forma. Assim como subiu os degraus do poder, o político do grupo do governador Wilson Lima também escalou o monte até à riqueza, só que em números estratosféricos.

Hoje, é um próspero homem de negócios em busca de mais um mandato. Como ele mesmo faz questão de exibir nas redes sociais.

Em 2008, Lise fez a primeira declaração obrigatória como candidato ao TSE. Já estava muito acima do patamar dos moradores de Apuí, mas nem de longe se poderia vislumbrar o ponto mais alto onde o político chegaria em 2024.

O então candidato a vereador declarou naquele ano um total de R$ 615.700,00 em bens, saltando para R$ 633.400,00 em 2016, como candidato a vice-prefeito e finalmente tornando-se um ilustre milionário em 2020, quando declarou mais de dois milhões de reais, mais precisamente R$ 2.733.000,00.

O sarrafo subiu e hoje o prefeito Lise chega a impressionantes R$ 5.485.500,00. Bem maior do que da primeira vez que colocou seu nome para jogo nas eleições de 2008.

COMPARE:

PREFEITO DE MILHÕES

Em 2024, Lise tenta mais um mandato confortável, ainda que os bens não acompanhem o salário dele como prefeito, e nem a vida sofrida da população.

ESCÂNDALOS EM APUÍ

Nos últimos meses o Portal Alex Braga tem publicado uma série de matérias que denunciam descaso, acordos suspeitos e irregularidades na prefeitura de Apuí. Sempre sem resposta do prefeito Marcos Lise.

SEM SALÁRIOS

Professores, motoristas, monitores e merendeiras que prestam serviço para a Prefeitura de Apuí estão aflitos e protestando, após descobrirem que o prefeito Marcos Lise não pagou os dias trabalhados do mês de maio, após chamar os aprovados em concurso. Até o quinto mês deste ano, nem as aulas na zona rural haviam começado, numa crise na Educação da cidade que inclui ônibus capotado, secretário preso, além de pais, estudantes e servidores em estado de desespero.

A Prefeitura de Apuí chamou os professores para trabalhar em maio, após pressão de pais e alunos que estavam sem aula, mas não pagou os salários correspondentes até o dia 16 de junho. Ou seja, sem saber, educadores assinaram contrato e trabalharam um mês e meio “de graça”. Até hoje não foram remunerados por esses dias, apesar dos custos pessoais e da mão-de-obra empregada nas salas de aula.

“Que as contas dos nossos boletos aguentem mais um mês”

Enquanto os servidores postam desabafos por ocasião das contas atrasadas, em mensagem espalhada em grupos de WhatsApp, o secretário de Educação,  Cleves Pires, diz que tem ciência, mas tenta se livrar da culpa, citando que não teve como pagar retroativos, cadeira dobrada e hora extra por não ter recebido recursos do Governo Federal.

“Outra, o mês de junho a nossa folha teve um acréscimo muito grande. Alguns professores foram demitidos, e agente teve que fazer um acerto”, diz Cleves.

O titular da pasta há 8 anos no município ainda diz que o “sistema” de repasse do MEC não permitiu o pagamento, porém não explica porquê chamou os educadores para as escolas sabendo que não teria como pagá-los.

Nas escolas o clima é o pior possível. Sem pagamento, correndo contra o tempo depois de começar o ano letivo em maio, e pressionados por conta dos boletos atrasados, a reclamação dos educadores é geral.

TRANSPORTE DEFICITÁRIO

Definitivamente, estudar nas escolas municipais de Apuí virou um tormento para pais e alunos. Novas denúncias contra a gestão do prefeito Marcos Lise chegaram à nossa redação nesta segunda-feira (10).

Na zona urbana, os estudantes anda mais de 2 quilômetros, no sol e na chuva, após um ônibus quebrar e dois sofrerem curto-circuito. Na zona rural, a situação não é melhor: denúncias de pais mostram que as crianças precisam acordar 3h30 da madrugada para pegar o ônibus, e só voltam para casa à noite, após ficarem quatro meses sem aulas.

“Meu filho acorda às 3h30 e chega em casa dormindo, depois das 20h, de tão cansado”, diz uma mãe, que pediu pra não ser identificada

No mês passado nossa equipe de reportagem mostrou com exclusividade que alunos da zona rural estavam sem aula por falta de professores e servidores nas escolas. Na época, a Prefeitura culpou o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado (TCE), que foram chamados de “sistema” pelo secretário.

Leia mais: Em Apuí, prefeito e secretário deixam zona rural sem aula em 2024 e culpam ‘o sistema’

Nesta segunda-feira, pais e alunos foram recomendados a ter paciência. Quem fala no vídeo ao qual tivemos acesso é o Coordenador do transporte escolar, Gilsemar Silva Mota. Os veículos não estão rodando desde terça-feira da semana passada:

De acordo com o IBGE, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Apuí é de 0,637, abaixo da média do Brasil, de 0,760. Isso é 16% mais baixo que a maioria dos municípios brasileiros

DENÚNCIA DE FRAUDE NO CONCURSO

Em mais uma matéria da série de denúncias que chegaram ao Portal Alex Braga sobre a Prefeitura de Apuí, hoje você vai conhecer a denúncia de uma pedagoga contra o prefeito Marcos Lise, que é acusado no Ministério Público e no Tribunal de Constas do Estado (TCE-AM) de privilegiar os concursados que o apoiam na cidade, usando a máquina municipal a seu favor.

A denúncia foi formalizada pela pedagoga Cleusa Rauber Pape, 38 anos, uma professora classificada dentro das vagas processo seletivo do ano passado e aprovada dentro das vagas no concurso público deste ano, o atual prefeito é envolvido em uma série de denúncias relatadas pelo Portal Alex Braga. De acordo com a denúncia, Lise e o secretário de EducaçãO.

A educadora diz ainda, na denúncia, que chegou a receber o plano do ano letivo

“A coordenadora da Escola me enviou inicio do ano letivo, eu estava até com as disciplinas lotada, e veja o que ela diz nas mensagens”, conta Cleusa.

Preso por vender bebidas alcoólicas

Além de não conseguir operacionalizar a volta às aulas na Zona Rural de Apuí e ocupar os jovens com estudo, o secretário de Educação Municipal, Cleves Pires, ainda foi preso por vender bebida alcoólica para menores com idade escolar na cidade.

Uma operação entre as Polícias Civil e Militar do Amazonas com o apoio do Conselho Tutelar foi realizada na noite do dia 17 de março, com o objetivo de prevenir e reprimir a venda de bebidas alcoólicas a crianças e adolescentes no município de Apuí, prendeu Cleves Pires.

Conforme o delegado  Wellington Lucas Militão, da 71ªDelegacia Interativa de Polícia (DIP), durante a operação, o secretário foi preso em flagrante. “Durante a operação, foi constatada a presença de várias crianças e adolescentes em casas noturnas consumindo bebidas alcoólicas. Verificamos também que não havia fiscalização por parte dos funcionários e do proprietário dos locais”, relatou o delegado. 

O secretário repete a estratégia do atraso na volta às aulas, e diz que a culpa não é dele. “Tenho um salão de evento que alugo para realizações de festa comemorativas e culturais. E em uma destas festas que foi alugada para terceiros, havia menores bebendo, onde foram autuado pelo conselho tutelar. Como sou o proprietário do estabelecimento, fui detido e responsabilizado pelo fato ocorrido. Mas sou professor há mais de 23 anos e sempre trabalhei com jovens adolescentes e sempre procurei a ensinar o correto. Mas infelizmente caí numa armadilha política o qual irei responder e provar minha inocência”.

SEM RESPOSTAS

Sobre o patrimônio do prefeito mandamos uma solicitação de resposta, mas até a publicação desta matéria não recebemos retorno. O espaço segue aberto.

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