Quinta-feira, 11 Setembro

Os deputados estaduais Joana Darc, Débora Menezes e Rozenha, não fizeram cerimônia neste fim de semana, e aproveitaram o título de Campeão Brasileiro da Série C conquistado pelo Amazonas FC para assumir a “responsabilidade” pela vitória.

Joana Darc levou uma bandeira com a própria foto para Santa Catarina, onde o time venceu o Brusque por 2 a 1, levantou a taça e postou vídeo nas arquibancadas, como uma “torcedora comum”.

O nome dela esteve envolvido em polêmica com o clube, após ela liberar  R$ 3,5 milhões em emendas parlamentares para a agremiação, sob o argumento de investir em escolinhas de futebol.

Apesar do argumento, Joana deixou claro nas redes sociais que sua ligação com o clube vai além do futebol de base, assumindo a “maternidade” da conquista. “Apoiei e acreditei desde o início, hoje estamos mostrando resultados”, escreveu.

À DIREITA

Outra parlamentar que atravessou o país foi Débora Menezes. A bolsonarista usou a presidência da Comissão de Esportes da Casa para justificar a empolgação, com direito a fotos com os jogadores e o troféu na mão. “É CAMPEÃO !! TITULO HISTÓRICO PARA O NOSSO ESTADO !! PARABÉNS @amazonasfcoficial e todos os envolvidos !! Vamos continuar brigando pra subir “, escreveu.

Menezes repetiu a tática da colega Joana, e também foi para as arquibancadas gravar vídeos no meio da torcida. “Em mais uma conquista histórica para o futebol amazonense , parabenizo o Amazonas FC pela conquista do título de campeão da série C do campeonato Brasileiro, por 2×1 contra o Brusque”.

CARTOLA

Presidente da Federação Amazonense de Futebol, o deputado Rozenha foi outro que surfou na onda da Onça Pintada. Apesar da euforia, ele trocou a final por uma viagem ao Chile, e sequer esteve no estádio neste domingo. Foi “escalado” pela CBF para acompanhar a delegação brasileira no PAN.

Durante toda a campanha do Amazonas FC, Rozenha fez questão de chamar para si as vitórias do time da casa, dizendo que o futebol local vive “um novo momento”, mesmo sem citar as péssimas condições do gramado da Arena da Amazônia, onde o time da casa empatou no jogo de ida por 0 a 0 e quase viu o título escapar.

Sem foto no estádio, já que estava bem longe, o empresário fez um card nas redes sociais e comemorou em segunda pessoa do plural. “Entramos para a história! A @faf_amazonas sonhou junto, apoiando desde o início. Que venha a Série B🏆
A floresta é a bola da vez”.

SEMPRE FOI ASSIM

Usar o futebol como palanque político não é novidade no Brasil. Desde os tempos da Ditadura Militar, quando o Governo usou a Seleção de 1970, a tática de falar com o povo por meio da bola de futebol é usada.

O presidente Médici também não perdeu a oportunidade de saldar Pelé, Jairzinho, e comandados de Zagallo.

A “pátria de chuteiras” está enraizada na cultura nacional. Um dos maiores símbolos nacionais, a seleção brasileira começou a se tornar referência na identidade do país a partir de 1938. Em “A Invenção da Nação Canarinho”, o pesquisador da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Carlos Eduardo Sarmento defende que a construção dessa referência se deu a partir de investimento do governo de Getúlio Vargas (1882-1954), no Estado Novo.

Segundo Sarmento, de 1914, com o primeiro jogo da seleção, até a Copa de 1938, não havia a caracterização da nacionalidade, por fatores como a disputa política no comando formal do futebol, entre cariocas e paulistas. Nessa época, também não estavam presentes jogadores mestiços ou negros.

“No início, o futebol era um esporte de elite, com times locais repletos de imigrantes europeus. Até havia negros e mulatos, mas eles não eram convocados, à exceção de Arthur Friedenreich, filho de alemão, mas que era mulato. No entanto ele disfarçava as características étnicas, alisando o cabelo e evitando tomar sol”, disse.
Em sua pesquisa, Sarmento analisa a construção de um estado nacionalista na era Vargas.

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